quinta-feira, 16 de julho de 2015

Suplementação nutricional/doping no esporte: prós e contras



           “Suplementação nutricional/doping no esporte: prós e contras”

A preocupação pelo corpo e a procura incessante por alimentos saudáveis são conhecidas desde os tempos em que os atletas gregos faziam o uso de determinados alimentos para se prepararem para as competições dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Assim, a aplicação das alterações alimentares e a suplementação com nutrientes específicos tiveram sua origem na Grécia antiga. Desde então, o uso de suplementos nutricionais com a intenção de melhorar o rendimento físico tem contribuído para que atletas e pessoas fisicamente ativas sejam seus maiores consumidores. O desejo de alcançar resultados rápidos tem tornado o uso de tais substâncias muito atraente, e atualmente, facilmente disponíveis em todo o mundo.
            Hoje, encontramos diversos tipos de suplementos que são comercializados com variados propósitos. Em geral, são anunciados e oferecidos como meio de melhorar algum aspecto do desempenho físico, principalmente, aumentar massa muscular, reduzir
gordura corporal, prolongar a resistência, melhorar a recuperação, e/ou promover alguma característica que determinará melhor rendimento esportivo. Além disso, também lhes são atribuídos outros efeitos como perda de peso, melhora da estética corporal, prevenção de doenças e retardo dos efeitos adversos do envelhecimento (ORTEGA, 2004).  A partir dessas promessas, muitos esportistas com forte desejo de melhorar o desempenho físico e garantir a saúde em geral, ou ainda pela crença de que tais produtos podem reduzir os efeitos adversos dos treinos contínuos, passam a consumir esses produtos sem qualquer critério de indicação.
Como definiríamos Atletas?  São praticantes de atividade física com fins competitivos, que fazem do esporte a sua profissão e sempre objetivam melhor rendimento esportivo. Já esportistas são indivíduos que praticam atividades regulares,  por motivos estéticos, ou para a manutenção do estilo de vida saudável, sem participarem de competições.
No passado, esteroides anabolizantes foram utilizados como recursos ergogênicos sem qualquer preocupação por parte de muitos atletas. Isto foi copiado pelos esportistas que tiveram como exemplo esses grandes atletas. Entretanto, hoje, são considerados doping (substâncias que oferecem risco à saúde) pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).  Diante da gravidade de seus efeitos colaterais, colocando em risco a saúde de seus usuários e resultando em algumas mortes, seu uso foi proibido. Assim, diversos esportistas começaram a procura de outras opções legais, particularmente os suplementos nutricionais (BAPTISTA et al., 2005).
Suplementos nutricionais são um dos recursos ergogênicos usados por atletas ou esportistas com intuito de melhorar o rendimento esportivo; mas entre eles, há aqueles que são perigosos e banidos pelo COI ou ilegais e, portanto, não devem ser usados, como: esteróides anabólicos, Tríbulus terrestris, efedrina, hormônio do crescimento (GH).
Os estudos acerca da dinâmica hormonal são as incansáveis investigações realizadas para determinar quais vias fisiológicas humanas podem ser estimuladas no sentido de potencializar a síntese protéica muscular, a partir de uma equilibrada relação entre hormônio do crescimento (GH) e somatomedina-C, também conhecida como fator de crescimento semelhante a insulina tipo I (IGF-1)  O IGF-1 estimula a síntese protéica
e/ou diminui a degradação de proteínas em estado catabólico. Age como mediador do GH promovendo o crescimento corporal através da diferenciação celular de condroblastos, fibroblastos e mioblastos.
Em atletas, para determinar e identificar, o uso ou não, de substâncias proibidas pelo Comitê Olímpico Internacional, pois IGF-1 consta na  lista de substâncias proibidas. Mas, quanto à ingestão ou suplementação de nutrientes específicos e possíveis na implicação na síntese do IGF-1, não é considerado uma  ação proibida, desde que essa associação venha de suplementação de macro ou micronutrientes na potencialização sobre a síntese do IGF-1 (CASTILHOS & LIBERALI, 2008).
Outro nutriente que tem sido pesquisado e consumido indiscriminadamente é a creatina, que nas últimas décadas,  o seu uso vem se tornando cada vez mais comum na prática esportiva. A creatina (Cr), composto produzido a partir dos aminoácidos (glicina, arginina e metionina), parece estar relacionada com o aumento do desempenho em exercício. (Torres-Leal; Marreiro, 2008) Apesar do grande número de pesquisas realizadas nos últimos 10 anos, ainda existem controvérsias sobre o conteúdo de fosfocreatina (PCr) no músculo e mais especificamente, sobre a capacidade de gerar trabalho muscular (força-potência) em curtos intervalos.
            É possível concluir que o consumo dos suplementos nutricionais, nas suas mais variadas formas, tem sido uma grande polêmica no meio desportivo, não só pelos atletas, como também por aqueles que buscam no esporte um meio de garantir a saúde e o bem estar. Entretanto, este consumo crescente pode se tornar cada vez mais indiscriminado e perigoso, pois, em geral, está relacionado com a desinformação dos usuários sobre o conceito dos suplementos, bem como seus efeitos adversos à saúde.
Outrossim, é o fácil acesso a estes produtos, muitas vezes comercializados no próprio local de prática de exercícios, bem como a não exigência de receita médica e/ou de nutricionistas para sua aquisição, exigem que maiores esforços sejam concentrados na educação nutricional de atletas, esportistas e do público em geral. Bem como, a grande disponibilidade de informações veiculadas pela mídia, não necessariamente de qualidade comprovada, também influencia na importância de iniciativas educacionais visando esse público. Portanto, a suplementação nutricional deve ser cautelosa para evitar alterações significativas de peso, principalmente no período de competição. A hidratação não pode ser negligenciada, devendo ser útil inclusive para a ideal reposição de carboidratos durante a atividade. Como princípio básico da nutrição, a individualidade deve ser respeitada e não existem fórmulas mágicas para prescrição de dieta  ou suplementos para atletas. O bom senso deve prevalecer e a saúde sempre ser o objetivo principal.

ORTEGA, J. O. Physician perspective: sport nutrition. Athletic Therapy Today, Alabama, v. 9, n. 5, p. 68-70, Sept. 2004.

BAPTISTA, C. A. et al. Drogas lícitas e ilícitas nas academias e no esporte. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo, São Paulo, v. 15, n. 3, p. 231-241, 2005.

CASTILHOS C A; LIBERALI R. A RELAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DE MACROS OU MICROS NUTRIENTES E SUA AÇÃO POTENCIALIZADORA SOBRE A SÍNTESE DE IGF-1Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 240-249, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.

TORRES-LEAL F L; MARREIRO D N. ConsidErações sobre a participação da Creatina no
desempenho físico. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. 2008

ARAÚJO L R et al. Utilização de suplemento alimentar e anabolizante por praticantes de musculação nas academias de Goiânia-GO. Rev. Bras. Ciên. e Mov. Brasília v.10 n. 3 p. julho 2002.