“Suplementação nutricional/doping
no esporte: prós e contras”
A preocupação
pelo corpo e a procura incessante por alimentos saudáveis são conhecidas desde
os tempos em que os atletas gregos faziam o uso de determinados alimentos para
se prepararem para as competições dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Assim, a
aplicação das alterações alimentares e a suplementação com nutrientes
específicos tiveram sua origem na Grécia antiga. Desde então, o uso de
suplementos nutricionais com a intenção de melhorar o rendimento físico tem
contribuído para que atletas e pessoas fisicamente ativas sejam seus maiores consumidores.
O desejo de alcançar resultados rápidos tem tornado o uso de tais substâncias
muito atraente, e atualmente, facilmente disponíveis em todo o mundo.
Hoje, encontramos diversos tipos de suplementos
que são comercializados com variados propósitos. Em geral, são anunciados e
oferecidos como meio de melhorar algum aspecto do desempenho físico,
principalmente, aumentar massa muscular, reduzir
gordura
corporal, prolongar a resistência, melhorar a recuperação, e/ou promover alguma
característica que determinará melhor rendimento esportivo. Além disso, também
lhes são atribuídos outros efeitos como perda de peso, melhora da estética corporal,
prevenção de doenças e retardo dos efeitos adversos do envelhecimento (ORTEGA,
2004). A partir dessas promessas, muitos
esportistas com forte desejo de melhorar o desempenho físico e garantir a saúde
em geral, ou ainda pela crença de que tais produtos podem reduzir os efeitos
adversos dos treinos contínuos, passam a consumir esses produtos sem qualquer
critério de indicação.
Como
definiríamos Atletas? São praticantes de
atividade física com fins competitivos, que fazem do esporte a sua profissão e
sempre objetivam melhor rendimento esportivo. Já esportistas são indivíduos que
praticam atividades regulares, por
motivos estéticos, ou para a manutenção do estilo de vida saudável, sem participarem
de competições.
No passado, esteroides
anabolizantes foram utilizados como recursos ergogênicos sem qualquer
preocupação por parte de muitos atletas. Isto foi copiado pelos esportistas que
tiveram como exemplo esses grandes atletas. Entretanto, hoje, são considerados doping
(substâncias que oferecem risco à saúde) pelo Comitê Olímpico Internacional
(COI). Diante da gravidade de seus
efeitos colaterais, colocando em risco a saúde de seus usuários e resultando em
algumas mortes, seu uso foi proibido. Assim, diversos esportistas começaram a procura
de outras opções legais, particularmente os suplementos nutricionais (BAPTISTA
et al., 2005).
Suplementos
nutricionais são um dos recursos ergogênicos usados por atletas ou esportistas com
intuito de melhorar o rendimento esportivo; mas entre eles, há aqueles que são
perigosos e banidos pelo COI ou ilegais e, portanto, não devem ser usados, como:
esteróides anabólicos, Tríbulus terrestris, efedrina, hormônio do crescimento
(GH).
Os estudos
acerca da dinâmica hormonal são as incansáveis investigações realizadas para
determinar quais vias fisiológicas humanas podem ser estimuladas no sentido de
potencializar a síntese protéica muscular, a partir de uma equilibrada relação
entre hormônio do crescimento (GH) e somatomedina-C, também conhecida como
fator de crescimento semelhante a insulina tipo I (IGF-1) O IGF-1 estimula a síntese protéica
e/ou diminui a
degradação de proteínas em estado catabólico. Age como mediador do GH promovendo
o crescimento corporal através da diferenciação celular de condroblastos, fibroblastos
e mioblastos.
Em atletas, para
determinar e identificar, o uso ou não, de substâncias proibidas pelo Comitê
Olímpico Internacional, pois IGF-1 consta na
lista de substâncias proibidas. Mas, quanto à ingestão ou suplementação
de nutrientes específicos e possíveis na implicação na síntese do IGF-1, não é
considerado uma ação proibida, desde que
essa associação venha de suplementação de macro ou micronutrientes na
potencialização sobre a síntese do IGF-1 (CASTILHOS & LIBERALI, 2008).
Outro nutriente
que tem sido pesquisado e consumido indiscriminadamente é a creatina, que
nas
últimas décadas, o seu uso vem se
tornando cada vez mais comum na prática esportiva. A creatina (Cr), composto produzido
a partir dos aminoácidos (glicina, arginina e metionina), parece estar
relacionada com o aumento do desempenho em exercício. (Torres-Leal; Marreiro,
2008) Apesar do grande número de pesquisas realizadas nos últimos 10 anos, ainda
existem controvérsias sobre o conteúdo de fosfocreatina (PCr) no músculo e mais
especificamente, sobre a capacidade de gerar trabalho muscular (força-potência)
em curtos intervalos.
É possível
concluir que o consumo dos suplementos nutricionais, nas suas mais variadas
formas, tem sido uma grande polêmica no meio desportivo, não só pelos atletas,
como também por aqueles que buscam no esporte um meio de garantir a saúde e o
bem estar. Entretanto, este consumo crescente pode se tornar cada vez mais indiscriminado
e perigoso, pois, em geral, está relacionado com a desinformação dos usuários
sobre o conceito dos suplementos, bem como seus efeitos adversos à saúde.
Outrossim, é o
fácil acesso a estes produtos, muitas vezes comercializados no próprio local de
prática de exercícios, bem como a não exigência de receita médica e/ou de
nutricionistas para sua aquisição, exigem que maiores esforços sejam concentrados
na educação nutricional de atletas, esportistas e do público em geral. Bem
como, a grande disponibilidade de informações veiculadas pela mídia, não
necessariamente de qualidade comprovada, também influencia na importância de iniciativas
educacionais visando esse público. Portanto, a suplementação nutricional deve ser cautelosa para evitar alterações significativas
de peso, principalmente no período de competição. A hidratação não pode ser
negligenciada, devendo ser útil inclusive para a ideal reposição de carboidratos durante a
atividade. Como princípio básico da nutrição, a individualidade deve ser respeitada e não existem
fórmulas mágicas para prescrição de dieta ou suplementos para atletas. O bom
senso deve prevalecer e a saúde sempre ser o objetivo principal.
ORTEGA,
J. O. Physician perspective: sport nutrition. Athletic Therapy Today, Alabama,
v. 9, n. 5, p. 68-70, Sept. 2004.
BAPTISTA, C. A. et al. Drogas
lícitas e ilícitas nas academias e no esporte. Rev Soc Cardiol Estado de São
Paulo, São Paulo, v. 15, n. 3, p. 231-241, 2005.
CASTILHOS C A; LIBERALI R. A
RELAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DE MACROS OU MICROS NUTRIENTES E SUA AÇÃO
POTENCIALIZADORA SOBRE A SÍNTESE DE IGF-1Revista Brasileira de Nutrição
Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 240-249, Julho/Agosto, 2008. ISSN
1981-9927.
TORRES-LEAL F L; MARREIRO D N. ConsidErações
sobre a participação da Creatina no
desempenho físico. Revista Brasileira de Cineantropometria
& Desempenho Humano. 2008
ARAÚJO L R et al. Utilização de
suplemento alimentar e anabolizante por praticantes de musculação nas academias
de Goiânia-GO. Rev. Bras. Ciên. e Mov. Brasília v.10 n. 3 p. julho 2002.