Os radicais livres e o dano muscular
produzido pelo exercício: papel dos antioxidantes.
O exercício físico intenso e
contínuo é acompanhado pela produção de radicais livres, que provocam uma
alteração das membranas celulares, o que causa uma lesão acompanhada por um
processo inflamatório ao nível das fibras musculares. Várias causas foram
sugeridas para estas alterações, entre as quais o alto grau de estresse provocado
pelo exercício, alterações da microcirculação, produção de metabólitos tóxicos
e depleção intramuscular dos substratos energéticos. O dano muscular está associado
com aumentos dos níveis plasmáticos de creatino-quinase (CK) e de lactato desidrogenase
(LDH), o que servecomo indicador do aumento da permeabilidade celular resultante.
A formação de radicais livres e
o desencadeamento do processo de peroxidação também contribuem para o dano muscular.
Embora o papel do exercício na produção da radicais livres não esteja ainda bem
esclarecido, um grande número de autores sugerem que a elevação do consumo de oxigênio
durante o exercício induz a produção de radicaislivres e outras substâncias
oxidantes. O oxigênio, no processo de respiração celular, é utilizado no
interior das mitocôndrias, onde intervém no metabolismo de gorduras, proteínas
e carboidratos, liberando-se água, dióxido de carbono e catabólitos diversos,
além da energia calórica produzida.
Os radicais livres são moléculas
instáveis ou fragmentos de moléculas sem um par de elétrons nas suas órbitas exteriores.
Os radicais livres do oxigênio incluem o radical superóxido, o peróxido de
hidrogênio e o radical hidróxilo. Os radicais livres são altamente reativos. A
sua ativação pode causar processos traumáticos nos tecidos pelo desencadeamento
de diversas cadeias de reações. Se um radical reage com um não-radical, é
produzido um novo radical livre. Hoje se sabe que o exercício físico intenso e
contínuo é acompanhado pela produção de radicais livres que causam alterações
das membranas celulares, provocando uma
lesão de fibras musculares, acompanhada por um processo inflamatório, o que
conduz a uma redução da função muscular com a liberação de enzimas musculares,
alterações histológicas evidentes e dor muscular.
Os antioxidantes são substâncias
que ajudam a reduzir os efeitos do estresse e da falta de oxigênio, formando
complexos que atenuam as reações produtoras de radicais livres. A capacidade de
defesa do sistema antioxidante depende de uma dieta adequada em micronutrientes
(vitaminas, minerais, aminoácidos). Recentemente foi descrito na literatura que
as vitaminas A (beta-caroteno), E (tocoferol) e C (ácido ascórbico), junto com
minerais como o zinco, atuam como agentes protetores antioxidantes35. O ácido
ascórbico pode reduzir o radical livre do tocoferol e regenerá-lo. O radical de
ascorbato, que é estável ou ao menos não reativo, pode ser reduzido
enzimaticamente a ácido ascórbico por uma reação sistêmica de nicotinamida
dinucleotídeo. Os tocoferóis e os beta-carotenos estão incluídos dentro dos
antioxidantes que protegem a membrana celular diante dos radicais que atacam as
lipoproteínas de baixa densidade da mesma. O período precedente à oxidação, no
qual é consumido primeiro o tocoferol e depois o beta-caroteno, é denominado
fase de intervalo. Esta fase parece servir como medida da proteção das
lipoproteínas pelos antioxidantes e a sua duração está determinada pelo
conteúdo de antioxidantes. Os tocoferóis atuam como primeira barreira defensiva
contra os radicais lipofílicos, enquanto que o ácido ascórbico intervém como
primeira barreira diante dos radicais hidrofílicos. Além da forma química
desses compostos do sistema defensor diante dos oxidantes, existem outras
enzimas endógenas antioxidantes que possuem grande importância na proteção
celular, como a superóxido-dismutase, a catalase e a glutation-peroxidase. A
superóxido-dismutase catalisa a redução de superóxido a oxigênio e peróxido de
hidrogênio, enquanto que a catalase converte o hidrogênio peróxido em água e
oxigênio.
Entretanto, diferentes
componentes do sistema de defesa contra os radicais livres aumentam nos tecidos
através da realização de exercícios regulares. Nesse sentido, vários autores
têm relatado que o treinamento promove um aumento da atividade enzimática
antioxidante muscular. Porém, ainda não está claro qual é a duração e a
intensidade ideais de exercício que conduzem à máxima estimulação dessas enzimas.
O treinamento induz a produção de enzimas como a glutation-peroxidase,
superóxido-dismutase e catalase. Também, depois do exercício foi observado um
aumento plasmático de tocoferol, ácido úrico e ácido ascórbico, substâncias que
possuem uma potencial atividade antioxidante. O exercício parece perturbar o
equilíbrio do sistema defensivo antioxidante, e quando a fração antioxidante é
comprometida aumenta a suscetibilidade ao dano muscular. Contudo, parece que o exercício
regular de intensidade moderada é necessário para manter o sistema de defesa
antioxidante.
Texto retirado de um artigo de revisão - Alfredo
Córdova e Francisco J. Navas.
Algumas considerações importantes para esportistas:
1. Durante o exercício máximo a produção de energia
pelos músculos ativos pode ser 100 X maior do que a de repouso, ou seja,
MÚSCULO ATIVO GASTA MAIS ENERGIA.
2. Em exercícios persistentes, o gasto energético
aumenta cerca de 20 a 30 vezes que a de repouso
3. Exercício aumenta a captação de glicose
4. Substrato para o exercício: gordura de boa
qualidade, carboidrato (IG), e proteína de alto valor biológico.
Situações que ocorre estímulo para degradação dos
aminoácidos:
• Jejum
prolongado;
• Exercícios
intensos e/ou prolongados;
• Doenças:
diabetes mellitus, câncer, etc;
• Baixo
consumo de carboidratos;
• Excesso
no consumo de proteínas;
• Baixo
consumo de aminoácidos essenciais;
• Desnutrição;
• Envelhecimento