sábado, 2 de março de 2013

Atividade metabólica do tecido adiposo






ATIVIDADE METABÓLICA DO TECIDO ADIPOSO

O tecido adiposo como órgão endócrino:
                O TAB é composto por adipócitos, pré-adipócitos, macrófagos, células endoteliais, fibroblastos e leucócitos. O adipócito pode ser considerado uma fábrica  metabólica, produtora de diversas adipocitocinas responsáveis por diversas ações na homeostasia e em vários estados patológicos, como na síndrome metabólica (SM) e no diabetes melito tipo 2 (DM2).
                Existe uma heterogeneidade na produção das citocinas em relação aos diferentes locais de depósito de tecido adiposo, que apresentam papeis diferentes, dependendo do padrão de produção e secreção de adipocinas. Essas características definem o tecido adiposo como miniórgãos endócrinos.
ADIPOCITOCINAS:
Leptina:
                A leptina é um produto do gene ob, e tem a principal função na regulação do peso corporal. A ação da leptina no Sistema Nervoso Central (SNC), em especial no hipotálamo, suprime o consumo de comida e estimula o gasto energético.
                Os obesos em geral apresentam níveis elevados de leptina, e sua administração induz uma perda limitada de peso; indicando que existe uma dessensiblização para o sinal da leptina, um fenômeno conhecido como resistência à leptina. Esse fenômeno pode ocorrer por pelo menos dois mecanismos: saturação do transporte da leptina pela barreira hematoencefálica e anormalidades na ativação do receptor ou na transdução do sinal. A leptina parece agir na integração entre tecido adiposo, os centros hipotalâmicos que regulam a homeostasia energética e o sistema reprodutivo, indicando se as reservas de energia estariam adequadas para a reprodução normal. A leptina tem um potencial envolvimento na inflamação; ela age diretamente nos macrófagos aumentando a sua ação fagocítica e sua capacidade de produção de citocinas, assim a leptina deve desempenhar papel relevante na inflamação associada ao DM2 e à arterosclerose.
Adiponectina:
                A adiponectina possui duas características únicas: é secretada exclusivamente pela célula adiposa, e é o único fator secretado pelo adipócito com propriedades sensibilizadoras da ação da insulina. Os níveis de adiponectina estão reduzidas na obesidade e na D2 e podem aumentar com o tratamento do DM2 com glitazonas e com a redução de peso.
                Alguns mecanismos são conhecidos para a adiponectina melhorar a ação da insulina – redução dos níveis circulantes de AGL pelo aumento de oxidação de gordura pelo músculo; e estímulo direto da captação de glicose em músculo e adipócitos pela ativação do monofosfato de adenosina quinase (AMPk). Em resumo, a adiponectina é uma proteína plasmática abundante derivada do adipócito, com propriedades sensiblizadoras da ação da insulina, anti-inflamatórias e antiaterogênicas. As comorbidades associadas aos níveis reduzidos de adiponectina podem ser reflexos de uma síndrome clínica, chamada por nós de “síndrome da hiponectinemia”.
Resistina:
                A resistina foi descoberta em pré-adipócitos durante o processo de diferenciação em adipócitos.  Em humanos com DM2 existe uma concomitante elevação dos níveis de insulina – hipersinsulinemia – e resisitina. Isso sugere que o efeito supressor da insulina sobre a produção de resistina está comprometido. Em outras palavras, a RI no adipócito não bloqueia a produção de resistina. Também, em humanos obesos e diabéticos a redução de resistina se correlaciona com a RI hepática. Os níveis de resistina estão mais elevados em obesos do que em magros, havendo ainda significativa correlação entre os níveis de resistina e o IMC.
Anogiotensinogênio:
                A principal fonte de anogiotensinogênio em humanos é o fígado, no entanto as células adiposas representam importante local de expressão e produção dessa proteína. A expressão tecidual de anogiotensinogênio no adipócito está elevada na obesidade humana. A angiotensina II é um potente vasoconstritor e está implicada no desenvolvimento da aterosclerose na vasculatura muscular pela inibição da cascata de ação insulínica.
PAI – 1:
                O PAI – 1 é uma serina quinase que inibe a ativação do plasminogênio, responsável pela quebra deste para a plasmina, e, portanto, ativadora da cascata fibrinolítica. Níveis elevados de PAI – 1 descontrola o equilíbrio fisiológico ente os sistemas de trombogênese e fibrinólise, favorecendo a formação de microtrombos e acelerando o processo de aterosclerose. Tanto na obeisade como na DM2 os níveis de PAI – 1 estão elevados, correlacionando-se com o desenvolvimento de doença arterial coronariana (DAC) e infarto do miocárdio; além disso, os níveis elevados de insulina potencializam o adipócito na produção de PAI – 1 e a célula adiposa disfuncional, ao produzir PAI – 1, pode acelerar processos comuns à doença cardiovascular (DCV) e ao conjunto RI/obesidade/diabetes.
TNF – α:
                O  TNF – α promove a RI estimulando a fosforilação do substrato do receptor da insulina (IRS – 1) em serina. Os níveis circulantes de TNF – α estão elevados na obesidade e no diabetes.
Interleucina – 6:
                A IL – 6 é uma citocina inflamatória, altamente expressa em adipócitos, que desempenha importante papel na regulação da função da célula β. Em humanos com DM2, os níveis de IL-6 se associam ao grau de intensidade da intolerância à glicose e da inflamação, sendo esta indicada pelos níveis de proteína C reativa (PCR). A correlação entre IL-6 e PCR é um reflexo de um efeito direto sobre a produção e secreção de PCR pelo fígado, sendo parte dos efeitos inflamatórios da IL-6 produzidos ´pela própria PCR.
Adipsina e proteína estimuladora da acilação (ASP):
                As proteínas Adipsina e proteína estimuladora da acilação são expressa em adipócitos, sendo componentes da via alternativa do complemento.  A ASP aumenta o depósito de lipídeos em adipócitos, aumentando a captação de glicose e sua deposição como TG, por isso, existem aumentos moderados de adipsina e intensos de ASP na obesidade e no DM2 em humanos.
                Visfatina:
                Recentemente foi isolalda da gordura visceral de humanos. O ganho de peso promove aumento dos níveis circulantes de visfatina. A visfatina é uma proteína previamente identificada como fator estimulador de colônias de célula pré-B (PBEF), uma citocina expressa em linfócitos; a visfatina exerce ação hipoglicemiante semelhante à insulina reduzindo a glicemia; ela tem a capacidade de se ligar ao receptor de insulina e estimulá-lo.
OUTRAS FUNÇÕES ENDÓCRINAS DO TECIDO ADIPOSO:
                A CONVERSÃO DE ESTEROIDES SEXUAIS EM Adipócito é quantitativamente importante, produzindo entre 10% a 20% dos níveis circulantes; ao contrário, a conversão e de glucocorticoides é menos expressiva. Essa conversão/produção está aumentada na obesidade.
                Em resumo, várias proteínas são produzidas no tecido adiposo, exercendo funções autocráticas, parácrinas e endócrinas em conjunto com outros órgãos e sistemas como C, fígado e músculo, importantes na coordenação do consumo e estocagem de energia.. Entre elas, temos a leptina, ASP e adiponectina, que ao se tornarem alteradas, desempenham efeitos na adiposidade corporal e na SI.