segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Os radicais livres e o dano muscular.






Os radicais livres e o dano muscular produzido pelo exercício: papel dos antioxidantes.
O exercício físico intenso e contínuo é acompanhado pela produção de radicais livres, que provocam uma alteração das membranas celulares, o que causa uma lesão acompanhada por um processo inflamatório ao nível das fibras musculares. Várias causas foram sugeridas para estas alterações, entre as quais o alto grau de estresse provocado pelo exercício, alterações da microcirculação, produção de metabólitos tóxicos e depleção intramuscular dos substratos energéticos. O dano muscular está associado com aumentos dos níveis plasmáticos de creatino-quinase (CK) e de lactato desidrogenase (LDH), o que servecomo indicador do aumento da permeabilidade celular resultante.
A formação de radicais livres e o desencadeamento do processo de peroxidação também contribuem para o dano muscular. Embora o papel do exercício na produção da radicais livres não esteja ainda bem esclarecido, um grande número de autores sugerem que a elevação do consumo de oxigênio durante o exercício induz a produção de radicaislivres e outras substâncias oxidantes. O oxigênio, no processo de respiração celular, é utilizado no interior das mitocôndrias, onde intervém no metabolismo de gorduras, proteínas e carboidratos, liberando-se água, dióxido de carbono e catabólitos diversos, além da energia calórica produzida.
Os radicais livres são moléculas instáveis ou fragmentos de moléculas sem um par de elétrons nas suas órbitas exteriores. Os radicais livres do oxigênio incluem o radical superóxido, o peróxido de hidrogênio e o radical hidróxilo. Os radicais livres são altamente reativos. A sua ativação pode causar processos traumáticos nos tecidos pelo desencadeamento de diversas cadeias de reações. Se um radical reage com um não-radical, é produzido um novo radical livre. Hoje se sabe que o exercício físico intenso e contínuo é acompanhado pela produção de radicais livres que causam alterações das membranas celulares,  provocando uma lesão de fibras musculares, acompanhada por um processo inflamatório, o que conduz a uma redução da função muscular com a liberação de enzimas musculares, alterações histológicas evidentes e dor muscular.
Os antioxidantes são substâncias que ajudam a reduzir os efeitos do estresse e da falta de oxigênio, formando complexos que atenuam as reações produtoras de radicais livres. A capacidade de defesa do sistema antioxidante depende de uma dieta adequada em micronutrientes (vitaminas, minerais, aminoácidos). Recentemente foi descrito na literatura que as vitaminas A (beta-caroteno), E (tocoferol) e C (ácido ascórbico), junto com minerais como o zinco, atuam como agentes protetores antioxidantes35. O ácido ascórbico pode reduzir o radical livre do tocoferol e regenerá-lo. O radical de ascorbato, que é estável ou ao menos não reativo, pode ser reduzido enzimaticamente a ácido ascórbico por uma reação sistêmica de nicotinamida dinucleotídeo. Os tocoferóis e os beta-carotenos estão incluídos dentro dos antioxidantes que protegem a membrana celular diante dos radicais que atacam as lipoproteínas de baixa densidade da mesma. O período precedente à oxidação, no qual é consumido primeiro o tocoferol e depois o beta-caroteno, é denominado fase de intervalo. Esta fase parece servir como medida da proteção das lipoproteínas pelos antioxidantes e a sua duração está determinada pelo conteúdo de antioxidantes. Os tocoferóis atuam como primeira barreira defensiva contra os radicais lipofílicos, enquanto que o ácido ascórbico intervém como primeira barreira diante dos radicais hidrofílicos. Além da forma química desses compostos do sistema defensor diante dos oxidantes, existem outras enzimas endógenas antioxidantes que possuem grande importância na proteção celular, como a superóxido-dismutase, a catalase e a glutation-peroxidase. A superóxido-dismutase catalisa a redução de superóxido a oxigênio e peróxido de hidrogênio, enquanto que a catalase converte o hidrogênio peróxido em água e oxigênio.
Entretanto, diferentes componentes do sistema de defesa contra os radicais livres aumentam nos tecidos através da realização de exercícios regulares. Nesse sentido, vários autores têm relatado que o treinamento promove um aumento da atividade enzimática antioxidante muscular. Porém, ainda não está claro qual é a duração e a intensidade ideais de exercício que conduzem à máxima estimulação dessas enzimas. O treinamento induz a produção de enzimas como a glutation-peroxidase, superóxido-dismutase e catalase. Também, depois do exercício foi observado um aumento plasmático de tocoferol, ácido úrico e ácido ascórbico, substâncias que possuem uma potencial atividade antioxidante. O exercício parece perturbar o equilíbrio do sistema defensivo antioxidante, e quando a fração antioxidante é comprometida aumenta a suscetibilidade ao dano muscular. Contudo, parece que o exercício regular de intensidade moderada é necessário para manter o sistema de defesa antioxidante.

Texto retirado de um artigo de revisão - Alfredo Córdova e Francisco J. Navas.

Algumas considerações importantes para esportistas:

1. Durante o exercício máximo a produção de energia pelos músculos ativos pode ser 100 X maior do que a de repouso, ou seja, MÚSCULO ATIVO GASTA MAIS ENERGIA.
2. Em exercícios persistentes, o gasto energético aumenta cerca de 20 a 30 vezes que a de repouso
3. Exercício aumenta a captação de glicose
4. Substrato para o exercício: gordura de boa qualidade, carboidrato (IG), e proteína de alto valor biológico.

Situações que ocorre estímulo para degradação dos aminoácidos:
•             Jejum prolongado;
•             Exercícios intensos e/ou prolongados;
•             Doenças: diabetes mellitus, câncer, etc;
•             Baixo consumo de carboidratos;
•             Excesso no consumo de proteínas;
•             Baixo consumo de aminoácidos essenciais;
•             Desnutrição;
•             Envelhecimento